Intro

Bem vindo ao blog Cuiqueiros, um espaço exclusivamente dedicado à cuica – instrumento musical pertencente à família dos tambores de fricção – e aos seus instrumentistas, os cuiqueiros. Sua criação e manutenção são fruto da curiosidade pessoal do músico e pesquisador Paulinho Bicolor a respeito do universo “cuiquístico” em seus mais variados aspectos. A proposta é debater sobre temas de contexto histórico, técnico e musical, e também sobre as peculiaridades deste instrumento tão característico da música brasileira e do samba, em especial. Basicamente através de textos, vídeos e músicas, pretende-se contribuir para que a cuica seja cada vez mais conhecida e admirada em todo o mundo, revelando sua graça, magia, beleza e mistério.

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quinta-feira, 31 de março de 2011

Vídeo 6 - A Rainha e a Cuíca (curta-metragem)

Durante uma visita ao Brasil, a rainha da Inglaterra é levada a um ensaio da Portela pelo então presidente Juscelino kubitschek. Hipnotizada pelos sons da cuíca de Bigode, um célebre cuiqueiro da agremiação, a majestade se vê fortemente atraída pelo ritmista, que corresponde ao flerte e convida a nobre visitante para um rolê na Lapa. Entretanto, a fugidinha da rainha é tida como um sequestro pelas autoridades britânicas, levando o Brasil à uma grave crise diplomática. O governo é deposto e os militares tomam o poder, instaurando uma ditadura no país. As investigações do suposto sequestro apontam Bigode como principal suspeito e inicia-se uma grande operação de resgate. O cativeiro é localizado e Bigode vai preso, sendo levado a responder por seu crime na Inglaterra, onde faz um discurso de defesa que surpreende o mundo (curta-metragem de ficção produzido com imagens de arquivo da extinta TV Tupi).



Direção e Roteiro: Felippe Mussel
Montagem: Moisés Zylberberg
Desenho Sonoro: Fabrício Batista, Bruno Mello Conceito e Joana Luz
Edição de Som: Felippe Mussel
Diálogos e Dublagens: Bruno Mello Conceito, Fabrício Batista, Joana Luz, Felippe Mussel, Tchelo Mello, Carolina Fortuna, Leo Rivera e Miquinou

quinta-feira, 24 de março de 2011

3º Encontro de cuícas e desfilantes

Realização: Alex Fabiano, Rodrigo Canavarro e Quirininho.

Atenção cuiqueiros e cuiqueiras do Rio de Janeiro! No próximo sábado (26), será realizado o 3º Encontro de cuícas e desfilantes. Trata-se de uma confraternização entre os cuiqueiros, seus familiares e amigos que desfilam em alas diversas das escolas de samba. A entrada é gratuita, mas como o evento não conta com nenhum tipo de patrocínio, a organização pede que cada pessoa leve 1 Kg de carne e bebida à escolha, além da cuíca, é claro! 

A festa promete muita descontração e batucada para o ecoar das "choronas", mas também nos dará a oportunidade de discutir projetos relevantes para a perpetuação da nossa arte, como a criação do troféu Cuíca de Ouro, que consiste numa premiação para o naipe de cuíca que mais se destacar em cada carnaval. No sábado a gente aprofunda este assunto. Até lá!

Início: 13 horas
Endereço: Rua Brigadeiro Dellamare, nº. 302 - Marechal Hermes
(próximo ao hospital Carlos Chagas)
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terça-feira, 8 de março de 2011

O cuiqueiro e a passista

Se existe uma coisa que todo cuiqueiro gosta é de ser filmado ou fotografado tocando para uma passista da sua escola de samba. Cena obrigatória no roteiro de qualquer filme sobre o carnaval brasileiro, a imagem dessa dupla já faz parte do imaginário coletivo e tem uma representação bastante significativa no universo do samba.

Alguns cuiqueiros e passistas formaram duplas que encantaram plateias mundo afora, como o “Casal 20”, formado por Índio da Cuíca e sua esposa Shirley, e a dupla “Caqui”, da passista Cátia com o saudoso Quirino Lopes. 

De modo geral, os registros dessas duplas sempre mostram os cuiqueiros sorrindo ou fazendo caretas, de modo a expressar a irreverência sonora da cuíca embalando as performances hipnóticas das passistas. Mas apesar de toda graça e beleza, há questões bastante delicadas por trás desse imaginário .

A foto abaixo, por exemplo, originalmente publicada na capa de uma edição do jornal Olé, um importante periódico esportivo da impressa argentina, nos permite problematizar este assunto.

Jornal Olé (junho de 2006)

Publicada durante a copa do mundo de 2006, realizada na Alemanha, esta fotografia é uma clara referência ao imaginário clichê que apela aos elementos de sua composição como símbolos nacionais do Brasil de maneira jocosa e pejorativa. 

A frase "o mais grande do mundo" se refere objetivamente à seleção brasileira, pentacampeã naquela ocasião, mas é também uma analogia maliciosa ao corpo feminino em primeiro plano. Um exemplo típico do assédio que as passistas lamentavelmente são obrigadas a enfrentar, muitas vezes estimulado pelo racismo.

A expressão do cuiqueiro – o mangueirense Dom Gravata – também é digna de reflexão. Apesar de toda simpatia e comicidade individual, esse tipo de expressividade também legitima um estereótipo muitas vezes abordado de maneira “folclórica” e depreciativa, que reduz os cuiqueiros e, consequentemente, todo o patrimônio cultural da cuíca à simples figura de um sujeito engraçado. 

Alegria e irreverência são características dos cuiqueiros tão inerentes quanto a sensualidade das passistas. Mas a riqueza dessas personagens, sobretudo quando se apresentam em dupla, é de tamanha força e beleza que não pode ser diminuída por nenhum preconceito ou visão superficial. Fato, infelizmente, ainda real, que este humilde espaço cuiquístico tem por missão denunciar e combater.
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*atualizado em 10/03/2022