Reza a lenda que a expressão "escola de samba" surgiu de uma analogia feita pelo compositor Ismael Silva entre o bloco Deixa Falar, criado por ele e seus amigos no bairro carioca Estácio de Sá, e a Escola de Normalistas situada no mesmo bairro, que formava professoras para os colégios do município. Ismael via os bambas da Turma do Estácio como "professores" e o Deixa Falar seria a "escola" onde eles ensinavam samba. Mas há quem duvide que a expressão tenha surgido deste insight do sambista, afirmando ser mais provável que o famoso rancho Ameno Resedá, conhecido como "rancho escola" antes do Deixa Falar existir, tenha inspirado a denominação que os sambistas passaram a usar em suas agremiações. De todo modo, o que há de mais significativo na origem dessa expressão é o fato de vincular uma prática cultural marginalizada - o samba - a uma instituição socialmente respeitada - a escola. Segundo o historiador Luiz Antônio Simas, na década de 1920, enquanto os sambistas buscavam pavimentar caminhos de aceitação social, o Estado procurava disciplinar as manifestações culturais das camadas populares. A expressão "escola de samba", portanto, independente de como surgiu, possivelmente logo se firmou por sintetizar um grave dilema social, equilibrando os interesses do Estado e dos sambistas naquela época. Desde então, outras expressões ligadas ao sistema educacional foram assimiladas ao universo do samba, como o termo "acadêmicos", presente no nome de várias agremiações, o termo "mestre", dado aos regentes das nossas orquestras e, mais recentemente, com as jovens e irreverentes baterias universitárias, que levam esse jogo de palavras, na prática, para muito além do vocabulário.
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Fundada em 2007 na Escola de Artes, Ciências e Humanidades da Universidade de São Paulo - EACH-USP, a Bateria Bandida não hesita em ostentar o prestígio de ter a chorona em sua formação, o que fica evidente em seu brasão e também no seu lema: se a cuíca chorou é o Bonde da Leste! A swingueira que sacode a torcida EACHiana! O primeiro diretor das cuícas do Bonde da Leste, Renan Costa, nos deu um interessante relato sobre a representatividade da Bandida no cenário universitário e o quanto isso se deve à sua própria atuação e pioneirismo, como se observa nesse trecho da nossa conversa:
O protagonismo da cuíca na Bateria Bandida, apesar de ainda não se refletir em outras baterias universitárias, tem reverberado de forma bastante efetiva no meio das escolas de samba. O próprio Renan, por exemplo, é o atual diretor de cuíca na Unidos de Vila Maria e sua substituta na direção das choronas na Bateria Bandida, Alice Caliento, mais tarde saltaria do Bonde da Leste para liderar o histórico naipe formado só por mulheres na Acadêmicos do Tatuapé.
Outra forma da Bandida demonstrar o quanto a cuíca é importante em sua formação se dá por meio de um momento em suas apresentações chamado "chora cuíca", um breque especialmente reservado para o destaque das choronas, recriado a cada ano em novas convenções. O vídeo abaixo registra o "chora cuíca" de 2014, apresentado no torneio Balatucada. Com ele encerramos essa postagem torcendo que seu título - no plural - um dia faça sentido em gênero, número e grau. Vida longa à Bandida! Chora cuíca!!!
Salve cuíca e Bandida! Salve mestre Renanzinho! 👊🏾
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