Bem vindo ao blog Cuiqueiros, um espaço exclusivamente dedicado à cuica – instrumento musical pertencente à família dos tambores de fricção – e aos seus instrumentistas, os cuiqueiros. Sua criação e manutenção são fruto da curiosidade pessoal do músico e pesquisador Paulinho Bicolor a respeito do universo “cuiquístico” em seus mais variados aspectos. A proposta é debater sobre temas de contexto histórico, técnico e musical, e também sobre as peculiaridades deste instrumento tão característico da música brasileira e do samba, em especial. Basicamente através de textos, vídeos e músicas, pretende-se contribuir para que a cuica seja cada vez mais conhecida e admirada em todo o mundo, revelando sua graça, magia, beleza e mistério.
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O projeto Papo de Cuíca surgiu da vontade de se criar um espaço para troca de ideias sobre esse instrumento que nos rende infinitos bate-papos. Essa vontade se formalizou, inicialmente, como um grupo de estudo no WhatsApp, reunindo cuiqueiros e cuiqueiras de várias regiões do Brasil e outras partes do mundo. Em seguida, inspirado nas lives promovidas por diversas iniciativas em 2020, relatadas na postagem Cuíca [AO VIVO], coube também ao Papo criar suas redes sociais e contribuir para a produção de conteúdo aberto realizando sua própria série de entrevistas (reunidas na playlist abaixo).
A interlocução do Papo ficou a cargo de Johnny Cuíca, atual diretor no bloco Camaleões do Vila, e o primeiro entrevistado foi Oselmar Neto, diretamente de João Pessoa, que relatou sua impressionante relação com o instrumento e traçou um interessante panorama do carnaval na capital paraibana. Assista AQUI
Gui Reis foi o segundo convidado. Exímio cuiqueiro, Gui falou de sua trajetória em baterias e rodas de samba de São Paulo, bem como em shows e gravações dentro e fora do samba, pontuando também assuntos variados, como o microfone específico para cuíca que desenvolveu junto à empresa TEC7. Assista: PARTE 1 - PARTE 2
O terceiro convidado foi o cuiqueiro e luthier Valdeir Barreto, que desfilou todo o seu conhecimento sobre questões diversas, sobretudo a respeito da arte de fabricação, manutenção e reforma do instrumento, com destaque para a sua famosa cuíca vazada. Assista: PARTE 1 | PARTE 2
Na quarta live, Iracema Bezerra, primeira mulher a coordenar um naipe de cuíca em Fortaleza, função que atualmente desempenha no bloco Unidos da Cachorra, representou toda a ala cada vez mais numerosa de cuiqueiras em todo o mundo. PARTE 1 | PARTE 2
Diferente das entrevistas anteriores, a quinta live contou com quatro participações: o prata da casa Sandro da Cuíca, seguido por dois representantes do Rio de Janeiro, Alfredo Oliveira e Dr. Kuika, que prestou um depoimento épico, fechando com Ricardo Araújo como representante das cuícas do Sul. Assista AQUI
Por fim, houve ainda uma sexta live com Paulinho José, atual diretor na Unidos de Bangu, grande fonte de inspiração para o Papo de Cuíca e importante referência a vários outros projetos por toda sua atuação à frente da Confraria Gambito de Ouro. Assista AQUI
Terminada essa primeira rodada, o Papo já conta com sua própria linha de produtos e inclusive já programa a próxima temporada de entrevistas. Podem aguardar, pois o que não falta para a cuíca é gente bacana para bater um bom papo.
RIO - Saltos, coreografias, malabarismos com o pandeiro e peripécias com a cuíca fizeram deste carioca uma sensação na noite dos anos 1970, em casas como o Sambão & Sinhá (restaurante em Copacabana do cantor Ivon Curi) e, depois, em shows de música brasileira que correram 23 países. Mas nem isso ou a glória de ter aparecido na TV, de ter tocado no Canecão e no Olympia de Paris e de ter dividido a cena com Roberto Carlos deram a Índio da Cuíca a chance de realizar o sonho do disco solo. Algo que acontece somente no próximo dia 5 — seu aniversário de 70 anos —, com o lançamento em plataformas de streaming de “Malandro 5 estrelas”.
Mais do que um veículo para a sua impressionante técnica na cuíca — literalmente, Índio faz o instrumento cantar —, o álbum editado pelo QTV, selo carioca de música experimental, traz um punhado das singulares composições do músico, entre sambas (“A cuíca chora”, “Cuíca malandra/cuíca encantada”, “Sonho realizado”), cânticos afro (“Medley de Ogum”), calango (“Stribinaite camufraite oraite”), bolero (“Shirley”) e até funk (“Baile do bambu”). Enfim, chegou a vez de a sua visão musical, de seu canto e de seus instrumentos (além da percussão, ele também toca violão) serem registrados em um disco com seu nome estampado na capa.
— Índio é o nome que eu tenho mais afinidade — esclarece o artista (que nasceu no Morro dos Afonsos, na Tijuca) sobre a alcunha que ganhou, por causa do cabelo liso de adolescente. — Eu nem nasci no hospital, foi debaixo de uns bambuzais. Minha mãe estava subindo o morro e não aguentou chegar em casa. Meu pai teve que descer com um lençol branco.
Seu Manoel, o pai de Índio, tocava cavaquinho, cantava e compunha para a Unidos da Tijuca, além de participar de muitas serestas. Foi por suas mãos que o filho desfilou pela primeira vez no carnaval, no Império da Tijuca, aos 12 anos, como pandeirista — com direito a prêmio.
— Mas a escola não me deu o troféu, porque tinha que ter tido permissão do juizado de menores para eu sair na escola. Aí eu nunca mais quis sair em escola de samba, e não saí até hoje. Vi que aquele não era o mundo... meu mundo é palco — conta Índio, que aos 17 já estava tocando na noite e logo depois foi parar na TV Globo, no lugar do amigo Neném da Cuíca, que não pôde cumprir uma data. — Peguei a cuíca e comecei a solar “Brasileirinho”, “Cidade Maravilhosa”... Quando vi, era um destaque. Comecei a sambar com a cuíca, a fazer um monte de coisa.
Índio da Cuíca (à esq.) com o grupo Brasil Ritmo, em 1972 Foto: José Santos / Agência O Globo
Os trabalhos, a partir daí, foram muitos. Índio participou de programas como “Globo de Ouro” e “Brasil Especial”, e gravou em 1972 pela Som Livre um disco com o Brasil Ritmo, grupo que tinha com Neném. Viajou a bordo dos espetáculos de Ivon Curi e Jair Rodrigues, figurou em shows de Roberto Carlos e Alcione e correu o mundo em companhias artísticas lideradas por Joãosinho Trinta e por Haroldo Costa. Por três anos e meio, viveu na Suíça, e aí voltou para o Rio para se casar com sua paixão, Shirley, com quem está junto há 35 anos.
— A lembrança que eu tenho é a de um cara talentoso que tirava os sons menos convencionais de uma cuíca — diz o pesquisador Haroldo Costa, que esteve com Índio em uma turnê que passou por Costa Rica, Honduras e Nicarágua entre abril e maio de 1987.
Entre tintas
A história de “Malandro 5 estrelas” começou em 2005, quando o percussionista Paulinho Bicolor tomou conhecimento de Índio num espetáculo da Orquestra de Solistas na Sala Cecilia Meireles. Cinco anos depois, já como pesquisador à frente do blog Cuiqueiros, ele o encontrou por acaso na estação de trem de Cordovil. E marcou uma primeira entrevista, na qual o mestre da cuíca revelou o sonho de gravar um disco. Nos últimos anos, foi Paulinho quem cuidou de produzir esse disco, ao lado de Bernardo Oliveira, do QTV. Enquanto isso, vendo o trabalho com música minguar, Índio foi em busca do sustento como pintor de paredes — ofício aprendido no ano que passou nos EUA.
Para Paulinho Bicolor, mais do que a afeição pelo mestre foi a dívida da cultura brasileira com Índio da Cuíca que o moveu na realização de “Malandro 5 estrelas”:
— Ele leva a cuíca para outro lugar, como um instrumento melódico, solista à máxima potência. Índio dedilha a cuíca, toca como se houvesse teclas na pele da cuíca. E ela não é para isso. Ele explora esse paradoxo.
Há exatamente dez anos, em 31 de março de 2011, dava-se por encerrada a exposição Zeca - 60 anos de cuíca, uma bela e justa homenagem promovida pelo departamento cultural da Comlurb a um de seus funcionários mais ilustres: Zeca da Cuíca. O vídeo a seguir reúne fotografias expostas na ocasião e registra algumas cenas do dia de abertura da exposição, que iniciava com o texto redigido mais abaixo, intitulado "Um Senhor Zeca", grifado na entrada da galeria.
Hoje ouvi o Zeca. Não um Zeca qualquer, mas o Senhor Zeca. Zeca que extrai do instrumento simples a beleza mais pura de um choro sentido, doído, uma lágrima sonora. Zeca que acompanhando um chorinho de Pixinguinha consegue transcender a sonoridade esperada da cuíca em suspiros harmônicos a um só tempo suaves e firmes. Ouvi o Zeca, a cuíca do Zeca, o Zeca da Cuíca. A integração homem-instrumento é perfeita. Zeca e cuíca vibram na mesma intensidade, com a mesma frequência que nos é impossível distinguir onde está o Zeca, onde fica a cuíca. Ambos, Zeca e cuíca, se fundem num ser vivo, dotado de extrema sensibilidade, harmonia, ritmo, pura sonoridade. Sua figura negra, esguia e seu sorriso lembram-me a nobreza em toda sua extensão da simplicidade que apenas os mais nobres possuem. É uma bela imagem negra de chapéu preto, conjunto jeans, tamancos pretos e a divina cuíca a tiracolo. Zeca é música, ritmo que paira e nos envolve com beleza, paz, ternura. Zeca da cuíca ou a cuíca do Zeca toca-nos o fundo da alma e transporta-nos ao espaço além da dimensão cotidiana. Leva-nos ao infinito. Transporta-nos aos mais belos recantos do não sei onde da imaginação. Viva Zeca, o da cuíca, deus negro da música, do ritmo, da harmonia. Saúdo-te e me rendo à tua arte, bom Zeca da Cuíca.
A capa do jornal Gazeta de Notícias do dia 02 de março de 1919 celebrou o triunfo do carnaval carioca daquele ano, quando a cidade finalmente havia superado a pandemia da gripe espanhola. Mais de cem anos depois, pela primeira vez na história, o carnaval teve de ser cancelado em todo o Brasil por decorrência de uma nova pandemia que atravessou 2020 e avança em 2021 ainda fora de controle.
Gazeta de Notícias - 02 de março de 1919
Carnaval é sinônimo de aglomeração nas ruas e arquibancadas, e aglomerar é um fundamento básico para o bom desempenho de uma escola de samba. O quesito "evolução" avalia justamente a compactação dos componentes e alas durante a progressão dos desfiles, exatamente o contrário do distanciamento social que, infelizmente, ainda se faz necessário.
Descartada a possibilidade de realização dos desfiles inclusive em meados deste ano, como se chegou a cogitar, resta-nos torcer para que o novo triunfo finalmente chegue em 2022. Para a atual campeã carioca Unidos do Viradouro, no quesito perspicácia, o bicampeonato já está garantido. A escola levará para a avenida o enredo "Não há tristeza que possa suportar tanta alegria", fazendo um paralelo entre a folia de 1919 e o desejado triunfo do próximo carnaval.
Torcemos pela realização dos campeonatos regionais entre as agremiações e certamente todos irão torcer para que sua escola do coração obtenha sucesso nas disputas. Entretanto, independente do enredo de cada escola e da sinopse de cada samba, todos os desfiles terão nas entrelinhas a celebração da vida e, enfim, todos seremos campeões. Será de fato o triunfo da alegria sobre a tristeza, a vitória dos reencontros e o preenchimento de um vazio retratado nos versos reproduzidos abaixo, do poeta Ari Mangilli, e nos depoimentos reunidos no vídeo a seguir, de cuiqueiros e cuiqueiras que gentilmente expressaram seus sentimentos sobre este inimaginável carnaval sem carnaval.
SILÊNCIO NO CARNAVAL SEM CARNAVAL
(Ari Mangilli)
Silêncio na passarela iluminada só pela luz da lua, o Carnaval se calou, emudeceu, perdeu o brilho, adormeceu num sono profundo, tudo ficou empoeirado, a cuíca já não chora mais, mas também não sorri, está triste e dolorida, sentida, todos os enredos ficaram com o mesmo tema "Esperança" quem diria que um dia o silêncio seria o ritmo do carnaval, a batucada virou a fé, as fantasias coloridas e reluzentes viraram um pedaço de tecido que mudou a nossa voz, quem diria que a história linda do samba ficaria sem um episódio e em farrapos e com páginas em branco, o samba perdeu a melodia, perdeu a magia, a batucada ficou muda, os sambistas presos e acuados dentro de um quarto escuro, com as baquetas nas mãos sem ter onde bater, as ruas vazias com a dama da noite exalando seu perfume, mas triste sem ter os personagens da noite pra sentir seu perfume, a noite não é mais a mesma, o sereno chora as noites vazias e o orvalho cai triste e não molha mais a relva, as estrelas clamam aos Deuses que tudo volte ao normal, precisamos do samba que é nossa essência a nossa raiz, precisamos do batuque, precisamos da alegria, viver no Carnaval sem Carnaval não dá, viver no Carnaval sem a batucada, sem as cabrochas, sem os sambistas e sem receber que seja uma única nota 10 não dá pra viver surdo e mudo e sem rabiscar o asfalto com meu sapato branco e sem entoar o canto para os quatro cantos e poder gritar é Carnaval, não dá.
Há aproximadamente cinco anos atrás, este humilde espaço cuiquístico orgulhosamente anunciava a estreia do espetáculo musical A cuíca do Laurindo, que encantou a platéia carioca por longa e saudosa temporada. Eis que agora, por vias digitais, a peça volta a entrar em cena sem previsão de sair do cartaz, podendo ser apreciada por muito mais gente graças à iniciativa da produtora Marraio Cultural ao publicar uma gravação integral do espetáculo.
Criado por Noel Rosa, o personagem carioca Laurindo apareceu pela primeira vez na letra do samba Triste Cuíca, de 1935. Nos anos seguintes, craques como Herivelto Martins, Wilson Baptista, Zé da Zilda, Haroldo Lobo e Heitor dos Prazeres abordaram o personagem em outros sambas, acrescentando novos capítulos à trajetória do cuiqueiros do morro da Mangueira.
Com idealização e dramaturgia do escritor, ator e músico Rodrigo Alzuguir, direção de Sidnei Cruz e direção musical de Luis Barcelos, a peça retrata o Rio de Janeiro dos anos 1940 e tem como pano de fundo o cotidiano da fictícia Lira do Amor, pequena escola de samba do morro da Mangueira criada por Alzuguir.
Durante a extensa pesquisa que resultaria na premiada biografia Wilson Baptista – O samba foi sua glória (Casa da Palavra, 2013), Alzuguir se deparou com um personagem recorrente em várias composições de Wilson Baptista: Laurindo. “Percebi que esse Laurindo era o mesmo de Triste cuíca e que outros compositores, como Herivelto Martins, também fizeram sambas sobre o personagem. Compor músicas contando histórias de Laurindo virou uma brincadeira para um grupo de sambistas daquela geração dos anos 40”, destaca o autor.
Formado por atores e cantores, o elenco traz Alexandre Rosa Moreno como Laurindo, além de Vilma Melo (Zizica), Claudia Ventura (Conceição), o próprio Rodrigo Alzuguir (Zé da Conceição), Hugo Germano (Tião), Nina Wirtti (Guiomar) e o cantor e compositor Marcos Sacramento, destaque no papel de Dodô, braço-direito de Laurindo, citado em Desperta, Dodô, samba de Herivelto Martins. Os sete personagens foram extraídos do anedotário e de letras de samba do período. Acompanhados de cinco músicos, o elenco canta e interpreta ao vivo cerca de 40 canções de autores como Herivelto Martins, Wilson Baptista e Noel Rosa, entre outros – encadeadas e tratadas musicalmente de forma a ressaltar o caráter narrativo dessas músicas como condutoras da ação dramática, e não meramente ilustrativas.
Ao mesclar realidade e ficção para contar a história do cuiqueiro, o autor resgata uma fase importante da cultura carioca: os seminais anos 1930 e 40, quando surgiram as primeiras escolas de samba, derivadas dos antigos blocos, e os desfiles que aconteciam na Praça Onze. Inseridas na dramaturgia, as músicas traçam a trajetória de Laurindo, de líder da escola de samba Lira do Amor de Mangueira, passando pelo triângulo amoroso com Zizica e Conceição e a luta contra os nazistas, até a sua volta ao morro como herói de guerra.
Além dos sambas que narram as aventuras do Cabo Laurindo – como Triste cuíca (Noel Rosa), Laurindo (Herivelto Martins) e Comício em Mangueira (Wilson Baptista e Germano Augusto) – estão presentes composições do mesmo período que dialogam com a trajetória do personagem – a exemplo de Praça Onze (Vão acabar com a Praça Onze/Não vai haver mais escola de samba, não vai...) e Ave Maria no morro (Barracão de zinco/ Sem telhado, sem pintura/ Lá no morro/ Barracão é bangalô).
Criado por José Dias, o cenário da peça retrata a Curva do Calombo – localizada no morro da Mangueira dos anos 1940 – inventada por Alzuguir. Dividido em dois níveis, o ambiente revela o clima boêmio da favela carioca. No centro, a “Birosca do Claudionor”, ocupada pelos músicos acompanhantes. No segundo nível, a casa de Laurindo e Zizica e a sede da escola de samba Lira do Amor de Mangueira.
Na direção cênica, Sidnei Cruz procurou estabelecer “uma heterogeneidade de tratamentos narrativos”. “O espetáculo movimenta-se por desvios ao redor de certas tradições, como revista, chanchada, melodrama, roda, burleta, folguedo, opereta, cabaré, rádio e teatro de sombra. Assim é nosso teatro de samba”, explica o diretor.
Se Noel Rosa apresenta Laurindo como famoso cuiqueiro do morro da Mangueira – com direito a um misterioso triângulo amoroso entre ele e as cabrochas Zizica e Conceição –, Herivelto Martins faz do personagem um apaixonado líder de escola de samba, no tempo em que o desfile acontecia na lendária Praça Onze, desaparecida com a abertura da avenida Presidente Vargas.
Já Wilson Baptista, irreverente, envia Laurindo para lutar na Segunda Guerra Mundial, de onde volta coberto de glória/trazendo garboso no peito a cruz da vitória. Depois de muitas idas e vindas, Laurindo é encontrado morto em Sem cuíca não há samba, em que se lamenta o estado do corpo só reconhecível pela medalha de ouro de São Jorge no peito. Mas será que era mesmo o famoso cuiqueiro?
O mérito de Alzuguir foi criar uma trama divertida e sofisticada ao redor desses sambas – num entrelaçamento tão preciso que essa coleção de músicas parece ter sido composta sob medida para o texto, escrito mais de setenta anos depois. “A riqueza de detalhes, a criatividade e a pesquisa preciosa de Rodrigo são trunfos do espetáculo”, destaca o cantor Marcos Sacramento.