Intro

Bem vindo ao blog Cuiqueiros, um espaço exclusivamente dedicado à cuica – instrumento musical pertencente à família dos tambores de fricção – e aos seus instrumentistas, os cuiqueiros. Sua criação e manutenção são fruto da curiosidade pessoal do músico e pesquisador Paulinho Bicolor a respeito do universo “cuiquístico” em seus mais variados aspectos. A proposta é debater sobre temas de contexto histórico, técnico e musical, e também sobre as peculiaridades deste instrumento tão característico da música brasileira e do samba, em especial. Basicamente através de textos, vídeos e músicas, pretende-se contribuir para que a cuica seja cada vez mais conhecida e admirada em todo o mundo, revelando sua graça, magia, beleza e mistério.

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terça-feira, 25 de dezembro de 2012

São Francisco da Cuica

Quem seria capaz de imaginar São Francisco de Assis tocando cuica? Esse belo e inusitado trabalho de colagem é uma criação do artista plástico Gilberto Mello, publicado em novembro deste ano no catálogo Sinfonia à Natureza, uma realização do Centro Cultural Câmara dos Deputados, onde Gilberto retrata São Francisco tocando diversos instrumentos musicais. 

"Senhor, fazei-me instrumento de vossa paz..." (Chico da Cuica)

Sinfonia à Natureza e as Borboletas Azuis III 
(colagem sobre papel reciclado - 64 x 48cm)

segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

Música 10 - O Ronco da Cuica

João Bosco dá uma verdadeira aula de composição neste vídeo, demonstrando que simplicidade e complexidade nem sempre estão de lados opostos. Mas no caso desta canção, não apenas o aspecto musical se enquadra neste raciocínio. Aldir Blanc, autor da letra, soube trabalhar também com muita simplicidade e de forma extremamente poética e  metafórica a relação entre o ronco de uma cuica e o ronco de um estômago vazio, faminto, sem ter o que comer. Música simples e sofisticada, poesia singela e profunda. Obrigado Aldir, obrigado João!


O Ronco da Cuica
(João Bosco e Aldir Blanc)

Roncou, roncou
Roncou de raiva a cuica
Roncou de fome
Alguém mandou
Mandou parar a cuica, é coisa dos home
A raiva dá pra parar, pra interromper
A fome não dá pra interromper

A raiva e a fome é coisa dos home

A fome tem que ter raiva pra interromper

A raiva é a fome de interromper
A fome e a raiva é coisa dos home
É coisa dos home
É coisa dos home
É coisa dos home
A raiva e a fome
Mexendo a cuica
Vai ter que roncar


Gravada originalmente no disco João Bosco - Galos de Briga, em 1976, coube ao nosso querido Zeca da Cuica o registro da chorona, por sinal, extraordinariamente bem gravada. A cuica do Zeca só entra no minuto 02:40 da música, ou melhor, as cuicas, porque ele gravou em duas regiões sobrepostas, de notas graves e agudas. Grande Zeca da Cuica, obrigado a você também mestre!  
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sexta-feira, 30 de novembro de 2012

Trem do Samba

Apesar deste breve período sem novas postagens, retomo os trabalhos a tempo de falar do Trem do Samba. Para quem não sabe, o samba não é celebrado apenas nos dias de carnaval. Ele tem o seu dia oficial, dois de dezembro. Ocorrem muitas festas em comemoração ao samba nesta data e, dentre todos esses eventos, o Trem do Samba, no Rio de Janeiro, é certamente o maior. Chegando à sua 17ª edição, pela primeira vez o Trem terá um vagão exclusivo para os cuiqueiros. Mas, apesar dessa boa notícia, infelizmente nem todos poderão fazer a viagem até Oswaldo Cruz no vagão das cuicas. Estão autorizados a ingressar neste vagão apenas os cuiqueiros que garantiram suas vagas por ordem de confirmação no Projeto Cuica. Foram fabricadas camisetas, como esta do modelo abaixo, para serem distribuídas aos cuiqueiros presentes neste vagão. Parabéns aos organizadores do vagão das cuicas! Sei que não tem sido uma tarefa fácil garantir esse espeço exclusivo ao nosso querido instrumento musical.


Mas atenção: apesar do dia do samba ser oficialmente comemorado no dia dois de dezembro, o Trem do Samba será realizado no dia primeiro, ou seja, amanhã, com o início das festividades marcado para as 15h, na Central do Brasil. Quanto ao vagão dos cuiqueiros, será o primeiro do 3º trem, com partida marcada para as 19:04min. Aqueles cuiqueiros que não estão relacionados para ingressar neste vagão, não se preocupem, pois poderão participar da mesma forma, em algum dos outros vagões nos trens que farão o mesmo trajeto da Central à Oswaldo Cruz. Basta levar 1kg de alimento não perecível e trocar pelo ingresso. Sugiro que acessem o site oficial do evento, onde há mais detalhes sobre toda a programação. Para quem ainda não conhece, segue este vídeo com um pouquinho do que deverá se repetir amanhã, nessa grande festa em homenagem ao samba. 


Vejam também que bacana esse trabalho realizado pela revista Super Interessante, onde a história do samba foi transformada em um infográfico no formato de linhas de trem. Viva o samba e viva seu instrumento mais representativo, nossa querida cuica! 

Boa festa a todos!
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quarta-feira, 31 de outubro de 2012

Aplicativo Cuica Lite

Descobri recentemente esse aplicativo, provavelmente o primeiro e único a ter a cuica como tema. O download á gratuito, então, quem tiver smartphone ou tablet, fique à vontade. Como nos mostra a imagem abaixo, quando acionados os comandos laterais com o nome das notas, as mãos simulam os movimentos da opção selecionada. Há também uma breve explicação sobre a cuica em português, inglês e espanhol. Valeu a iniciativa de quem criou esse app. Divirtam-se!

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quarta-feira, 10 de outubro de 2012

Prêmio Top Blog Brasil (2ª Etapa)

Olá amigos!
Venho dar a boa notícia de que nosso blog ficou classificado entre os 100 blogs mais votados na categoria música do Prêmio Top Blog Brasil 2012. Agradeço aqueles que deram seus votos e aproveito para lhes pedir que votem novamente, na segunda etapa da premiação. Basta clicar na imagem ao lado e seguir as instruções. Lembrando que cada pessoa pode votar até três vezes: uma por e-mail, outra pelo Facebook e mais uma através do Twitter


sábado, 29 de setembro de 2012

Música 9 - Samba em Berlim

Assim como a postagem Vídeo 10 - Mestre Marçal, o conteúdo desse novo post também é uma indicação do grande cuiqueiro e ritmista Alfredo Castro. Trata-se de Samba em Berlim, composição do violonista Sebastião Tapajós registrada em seu disco Guitarra Fantástica, lançado em 1976, com o nosso Mestre Marçal dando mais uma belíssima aula com a elegância de sua cuíca. Sugestão: ouça com fones de ouvido e observe o interessante "diálogo" com a dobra da cuíca em stereo. Espetacular!

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sábado, 1 de setembro de 2012

2º CUICARIOCA




Amigos, no dia 07 de setembro será realizado o segundo encontro de cuiqueiros CUICARIOCA. À frente da organização deste evento está o Sr. Jovenito, também conhecido como Jovem da Cuica, o que já nos dá um bom sinal de que será um encontro muito agradável. A festa deverá começar por volta das 12h e será realizada na quadra da escola de samba Estácio de Sá. Cada pessoa deverá levar um quilo de carne para o churrasco, que será acompanhado de arroz, farofa e outros pratos, tudo grátis. As bebidas serão vendidas pelo bar da própria Estácio. Haverão camisetas como essas na imagem acima para os cuiqueiros e cuiqueiras presentes, e que podem levar também suas esposas, maridos, filhos, amigos, mas deverão obrigatoriamente estar acompanhados de suas cuicas. Estão todos convidados. Apareçam!
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quinta-feira, 23 de agosto de 2012

O pano (gorgorão)

Temos discutido aqui no blog questões à respeito dos principais elementos integrantes da cuica. As postagens sobre o gambito e sobre a pele são as duas mais acessadas e acredito que não será diferente desta vez, já que falaremos sobre mais um item fundamental para extrair os sons de uma cuica: o panoAssim como cada cuiqueiro costuma ter suas preferências em relação à pele e ao gambito, com o  pano funciona da mesma maneira. Já vi cuiqueiros tocando com pano de chão, flanela, pedaço de calça jeans, lenço de bolso, um tipo de toalha usada em pia de cozinha, guardanapo de linho, mas o preferido de nove em cada dez cuiqueiros é a fita de gorgorão.


A história mais interessante que já escutei sobre como os cuiqueiros passaram a utilizar o gorgorão para tocar cuica me foi contada por J. Muniz Jr., jornalista, pesquisador e cuiqueiro que figura dentre os mais importantes personagens do samba no estado de São Paulo e, consequentemente, no Brasil. Segundo ele, em algum momento do passado, que não se pode dizer exatamente quando, um malandro daqueles da antiga teria retirado a fita de pano envolta de seu chapéu e utilizado pela primeira vez o gorgorão para tocar cuica


E assim, cuica e gorgorão nunca mais deixaram um ao outro. A moda se espalhou entre os cuiqueiros e até hoje se mantém. Mas, como tudo na vida em algum momento passa por dificuldades, também esta história entrou em crise. A famosa fita de gorgorão número 12 podia ser facilmente comprada em comércios especializados na venda de tecidos e acabamentos para costura, até que a única fábrica responsável por sua produção, na falta de demanda, resolveu parar de produzi-la. O mundo da cuica entrou em desespero. O câmbio cuiquístico disparou uma terrível inflação e o gorgorão passou a valer mais do que dinheiro. Alguns foram mais espertos, notando a escassez do produto, e compraram os últimos estoques nas casas de armarinho para revender a outros cuiqueiros. Outros garantiram seus estoques para consumo próprio, sofrendo constantemente o assédio daqueles que não puderam fazer o mesmo. O gorgorão passou então a ser motivo de conflito, inveja, conversas ao pé do ouvido, negociações que mais pareciam tratar de algo proibido. E assim, o submundo da cuica ganhou um de seus principais vilões, atormentando a vida de todo cuiqueiro: a polêmica fita de gorgorão número 12. Na falta dela, muitos cuiqueiros passaram a usar a fita número 9, mas que não proporcionava a mesma "pegada" na hora de tocar, por ser mais estreita que a 12. 

Mas como diz a sabedoria popular, "o mundo dá voltas... e não há mau que sempre dure", heis que surge uma luz no fim do túnel. Há aproximadamente quatro anos atrás, um cuiqueiro da Estácio de Sá chamado Felipe, aluno do grande Carlinhos da Cuica, participou de uma formatura militar e notou que as medalhas de condecoração dos formandos eram ornadas por uma fita parecida com a fita de gorgorão, até então sob sério risco de extinção. Ele procurou saber quem havia confeccionado aquelas fitas nas medalhas dos militares e chegou ao Célio Soares, atualmente o único fabricante da fita de gorgorão adequada para tocar cuica. O Felipe mostrou ao Célio um pedaço da fita produzida da antiga fábrica Suíça, onde coincidentemente o Célio já havia trabalhado tempos atrás, e propôs a retomada da fabricação. Eles fizeram algumas experiências na trama entre o algodão e a viscose, que são os dois componentes têxteis do gorgorão, até chegar ao padrão atual. O algodão fica no interior da trama mantendo o pano úmido, enquanto que a viscose dá o atrito no gambito. É possível encontrar no mercado um tipo de gorgorão feito de poliéster, mas que não serve para tocar cuica porque é impermeável e não fricciona o gambito a ponto de fazer a pele da cuica vibrar e emitir o som. Existe um teste para saber se o gorgorão é do bom ou não. Basta pegar um isqueiro e queimar o gorgorão. Se o fogo pegar igual em cabelo, queimando rápido, é poliéster. Mas se o fogo demorar um pouco a queimar, tipo uns três segundos, é o gorgorão de algodão e viscose.



O Célio aceita encomendas de toda parte do mundo e envia pelo correio. O preço é justo e a qualidade é garantida. E ainda tem a vantagem de que é possível escolher a cor (ou as cores) do gorgorão. Quem é mangueirense, por exemplo, poderá encomendar um gorgorão verde e rosa, em homenagem à Estação Primeira de Mangueira, e assim com todas as demais escolas de samba. Bom meus amigos, agora ninguém poderá reclamar que está dificil de encontrar gorgorão. É só procurar o Célio Soares: (21) 2604-9860 / soaresartefatos@oi.com.br 
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quarta-feira, 8 de agosto de 2012

Prêmio Top Blog Brasil



Cuiqueiros e cuiqueiras do Brasil e do mundo, nosso blog está concorrendo ao Prêmio Top Blog Brasil 2012. Peço o voto de todos vocês, que poderá ser feito de três maneiras: por e-mail, pelo Facebook e pelo Twitter. Mas atenção, uma dessas formas de votação não necessariamente exclui a outra. Ou seja, cada pessoa poderá votar até três vezes. Basta clicar nessa imagem aqui à direita e seguir as indicações. Conto com o voto de vocês!    
SOBRE O PRÊMIO: O Prêmio Top Blog Brasil é um sistema interativo de incentivo cultural destinado a reconhecer e premiar, mediante votação popular (júri popular) e acadêmica (júri acadêmico), os blogs brasileiros mais populares que possuam a maior parte de seu conteúdo focado para o público brasileiro, com melhor apresentação técnica específica a cada grupo (Pessoal e Profissional) e suas respectivas categorias. Saiba mais sobre o prêmio em http://www.topblog.com.br/2012/.
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terça-feira, 31 de julho de 2012

Oficina do Monobloco

Monobloco - Nipe de cuicas

Imagino que muitos de vocês já conheçam ou tenham ouvido falar de um bloco carnavalesco aqui do Rio de Janeiro chamado Monobloco. Mas talvez o que muitos não saibam, assim como eu também não sabia, é que além do desfile no carnaval e dos bailes pré-carnavalescos, o Monobloco desenvolve uma oficina de percussão para formar novos batuqueiros e aperfeiçoar aqueles que todos os anos formam na bateria do bloco. Neste último carnaval, graças ao convite do grande Ernani Cal - diretor do nipe de cuicas - pude participar da oficina e ver o quanto é bacana o trabalho que eles realizam lá. O repertório do Monobloco permite que a bateria desenvolva uma variação de ritmos bastante diversificada, e falando especificamente sobre as cuicas, o trabalho fica ainda mais interessante. Lá eles fazem conduções marcadas, com todas as cuicas executando as mesmas frases, o que dá um efeito maravilhoso! Geralmente o que vemos nas escolas de samba e nos blocos é cada cuiqueiro tocando à sua própria maneira (o que também não deixa de ser bonito), mas ouvir um nipe inteiro de cuicas tocando a mesma coisa, é sensacional! E ainda mais porque no Monobloco, justamente pelo repertório ser bem variado em gêneros musicais, torna-se possível uma criação maior de frases, conduções e coordenação de movimentos que exigem dos cuiqueiros bastante treino e atenção. Infelizmente, por morarem em outras cidades, nem todos que leem esta  postagem poderão participar da oficina que acontece na Sala Baden Powell, de maio a janeiro, todas as terças-feiras, das 18h às 20h para turma de iniciantes e das 20h às 22h para turma avançada, pelo investimento de R$170,00 mensais e R$30,00 de matrícula. Mas em compensação, vocês que estão distantes poderão visitar o site da oficina e conferir vários vídeo-aulas com um pouco do que é dado durante a oficina. Como por exemplo este aqui embaixo, onde aparecem o mestre Celso Alvim no chocalho e  o  Ernani Cal na cuica. Taí a dica pessoal: oficina do Monobloco. Nos vemos lá!

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sexta-feira, 13 de julho de 2012

A cuica no rock and roll

Hoje é o dia mundial do rock, uma ótima oportunidade para falarmos sobre a aplicação da cuica nesse gênero musical. Acreditem ou não, mas é verdade: até no rock and roll a cuica foi parar! Reconheço que é difícil imaginar uma coisa dessas, mas vejam esses exemplos:

Há pouco tempo, tive uma conversa por telefone com nosso mestre Osvaldinho da Cuica em que ele disse ter gravado cuica em um disco com a participação de Bill Haley, artista de enorme importância para o início do rock, podendo ser comparado a Elvis Presley. Ainda não consegui o áudio dessa gravação, mas algum dia estará aqui no blog para o nosso deleite. Já é muito bacana saber que o Osvaldinho registrou sua habilidade cuiquística ao lado de um dos principais nomes de toda a história do rock and roll.

Outro exemplo bem mais recente e acessível vem da banda Red Hot Chili Peppers, mais precisamente do disco One hot minute, sexto álbum da banda. A cuica é empregada na oitava faixa, Walkabout, sendo escutada a partir dos 1min42seg, aparecendo de vez em quando até o final. E o responsável por essa gravação foi o percussionista americano Lenny Castro
  

Essa próxima música não é exatamente um rock, mas é de um gênero musical bem próximo, a música pop, representado aqui por ninguém menos do que seu maior ícone, Michael Jackson. O percussionista brasileiro Paulinho da Costa, já citado na postagem "A cuica no jazz", gravou cuica na música Wanna Be Startin 'Somethin', primeira faixa de um disco extremamente importante na carreira do Michael, Thriller. O trecho em que a cuica aparece é bem curto, de apenas 7 segundos entre 2min23seg. e 2min30seg. De qualquer forma, esse registro também demonstra a versatilidade da cuica, um instrumento tradicionalmente utilizado no samba, mas que na verdade cabe em todo tipo de música. 
  


Em outra postagem também antiga aqui do blog, publiquei um vídeo onde o músico Jam da Silva fala um pouco sobre a proposta de usar a cuica plugada à uma pedaleira de guitarra, alterando o som do instrumento através de efeitos e distorções. De certa forma, isso também pode ser visto como uma aproximação entre a cuica e o rock, ou vice versa, e até mesmo com a música eletrônica, que, assim como a música pop, também guarda alguma relação de parentesco com o bom e velho rock and roll.



Para finalizar com chave de ouro, essa magnífica interpretação da música Hotel California, um clássico da banda Eagles, certamente um dos maiores sucessos de toda a história do rock. Não conheço esse cuiqueiro, mas ele está de parabéns! Ele acerta a mão do meio do vídeo em diante e facilita a identificação da melodia, nos fazendo perceber que, definitivamente, não há fronteiras entre o rock e a cuica.

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sábado, 26 de maio de 2012

Eu não gosto de cuica!

Quem já ouviu alguém dizer que não gosta de cuica? Pois bem meus amigos, por mais inacreditável que isso possa parecer, essas pessoas existem. Na verdade, a cuica é um exemplo clássico do tipo de coisa que ou se ama, ou se odeia. Mas nós, que amamos tanto esse instrumento, não devemos nos ofender quando alguém disser algo parecido com o que vemos nesse vídeo abaixo. Como o objetivo deste blog é exaltar a cuica e agir sempre em seu benefício, sei que pode parecer estranho dar voz a quem trata a cuica com desprezo. Mas é também objetivo deste blog ser um espaço democrático, aberto a todo tipo de opinião, inclusive para estimular nosso senso de auto-crítica enquanto representantes dessa arte tão prazerosa, mas que nem todos tem o privilégio de saber apreciar.

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sábado, 12 de maio de 2012

Carnaval é a mãe (por Manuela Oiticica)

Já vi a Manuela tocando cuica algumas vezes na roda de samba do BIP BIP, bar tradicionalíssimo aqui do Rio de Janeiro. Sabia então que ela é fera tocando, mas com as palavras, foi uma ótima surpresa. Que texto bonito publicado em seu blog, autorizado por ela ser replicado aqui. Uma crônica perfeita do cotidiano de tantos cuiqueiros, para ler, reler, e se emocionar. Destaco uma frase em especial que me deixou muito tocado: ...aquela criança morta e cheia de tarrachas seguia em seu colo... Quem já quebrou o gambito em pleno desfile pode entender o que isso representa. Que tradução mais linda Manu, parabéns!

Carnaval é a mãe
(por Manuela Oiticica)

Manuela Oiticica

Quarta-feira de roupa abotoada até a penúltima casa e o cinto um furo mais fouxo. A regata vinha nos domingos, bermuda branca e mocassim. De novo quarta-feira, convenções, dinâmica, paradinha. Refrão do meio. Bossas, entrada para o refrão de fundo. Nova viradas, peré que-tés, carigunduns e, outubralmente, o samba do ano. O que indicava o mestre de bateria ele repetia com preguiça ou raiva: sinceras formas de obediência. (continua...)

sábado, 21 de abril de 2012

8º Encontro de cuiqueiros do Rio de Janeiro



O 8º encontro de cuiqueiros do Rio de Janeiro provou que o Dia  Nacional da Cuíca, apesar de não ser ainda uma data oficialmente reconhecida pelos órgãos competentes, já está mais do que consolidada entre os amantes da cuíca.

Segundo informação dos organizadores João Nepomuceno e Hildebrando, o dia 21 de abril foi escolhido como Dia da Cuíca simplesmente por ser um feriado nacional (Dia de Tiradentes), o que permite aos cuiqueiros comparecer com mais tranquilidade à confraternização.

O evento contou com a presença de aproximadamente cem cuiqueiros e cerca de quinze cuiqueiras, contando inclusive com presenças ilustres como Mestre Odilon, padrinho da festa, e Hiram Araújo, diretor do departamento cultural da LIESA.

Houve uma bela homenagem ao senhor Jovenito, o famoso Joven da Cuíca, que apesar do apelido (com "n" mesmo), recebeu um
 prêmio de Honra ao Mérito justamente por ser o cuiqueiro mais longevo entre os presentes.  Depois de servido o churrasco e o delicioso caldo de mocotó, foi a vez das cuícas darem o ar da graça, gargalhando como se também comemorassem o seu dia. Salve a cuíca!!!
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Vídeo 10 - Mestre Marçal

Neste 21 de abril, para celebrar o dia nacional da cuíca, nada melhor do que apreciar cenas raras de um dos nossos maiores mestres. Apesar de ser titular absoluto na seleção dos grandes cuiqueiros da história, não é fácil encontrar registros do saudoso Mestre Marçal tocando cuíca. Portanto, temos aqui um vídeo digno de comemoração, onde podemos ver a belíssima cuíca de 12 polegadas com que o velho mestre imprimia toda a sua elegância sonora. As imagens são de 1977 e Mestre Marçal acompanha Jards Macalé numa linda interpretação do samba Antonico de Ismael Silva.


Agradeço ao grande batuqueiro Alfredo Castro, cuiqueiro da pesada e nosso importante colaborador, pela indicação deste incrível material. Viva a cuíca e viva Mestre Marçal!!!
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domingo, 1 de abril de 2012

Cuiqueiros 4 - Zé Roberto da Cuica

Desde quando criei esse blog procuro divulgar informações das mais variadas sobre a nossa querida cuica, mas a maior parte das coisas que publico aqui, precisei antes aprender com alguém. Tenho feito uma pesquisa constante para reunir um vasto material, que irei postar aos poucos futuramente. E uma grande preocupação que tenho é em dar crédito àquelas pessoas que de alguma forma contribuem com essa pesquisa e tornam possível que este humilde espaço cuiquístico permaneça on-line e sempre com novas postagens. São muitas pessoas as quais devo agradecer, o que com o tempo farei, mas como soube que recentemente esse amigo completou mais um ano de vida, ofereço essa postagem a ele como um presente e também por gratidão a toda atenção e colaboração que tem dado a esta iniciativa. O Zé Roberto é um cuiqueiro dos mais dedicados que já conheci. A sonoridade que ele tira de seu instrumento é nitidamente inspirada no toque do nosso mestre Osvaldinho da Cuica, de quem o Zé é um discípulo confesso. Como ele mesmo me contou, a vontade de tocar cuica surgiu depois de assistir o Osvaldinho tocando num antigo programa de TV, do apresentador Flávio Cavalcanti, isso a muitos anos atrás. E que ainda lhe venham muitos anos pela frente, de cuica, saúde e felicidade. Parabéns Zé!

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sábado, 24 de março de 2012

Confederação de Cuiqueiros do Japão

Não é surpresa pra ninguém que japonês adora samba, mas vejam só que maravilha a forma como a cuica é tratada lá no outro lado do mundo, graças a iniciativas como esta da cuiqueira Kazumi Shimizu e seus amigos, que fundaram a Confederação de Cuiqueiros do Japão.


A Confederação de Cuiqueiros do Japão tem o propósito de melhorar a visibilidade da cuica no Japão e a troca de conhecimento entre os cuiqueiros. Foi criada em 08 de agosto de 2008 por Kazumi Shimizu e o G.R.E.S.Saúde e oficialmente batizada em 15 de dezembro de 2011, quando também foi inaugurado o site oficial. Serão realizadas atividades como reuniões para a prática do instrumento, o Festival de Cuica em Tóquio e intercâmbio de cuiqueiros, além de coleta e transmissão de informações sobre a cuica, instrumento musical originado no Brasil.

Isso é mais ou menos o que diz o texto contido na página inicial do site da Confederação japonesa. É bom demais saber que pessoas de uma cultura tão diferente da brasileira se identificam com tanto carinho ao instrumento musical que nós defendemos aqui no Brasil. Temos o Cuicarioca no Rio de Janeiro, a Confraria da Cuica em Porto Alegre, o Clube da Cuica em Fortaleza, tantos excelentes cuiqueiros em São Paulo, Florianópolis, Belo Horizonte e espalhados por todo o Brasil, mas saber que essa corrente cuiquística vai ao extremo do globo é bom demais! E para comprovar que lá no Japão eles realmente estão botando a cuica pra chorar, vejam que bacana esse vídeo da Festa da Cuica 2011.

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segunda-feira, 12 de março de 2012

Fraldinha [proteção da pele com fita adesiva]

A "fraldinha" nada mais é do que um protetor para a pele da cuíca que evita um problema bastante comum entre os cuiqueiros iniciantes: quando estamos tocando, pode acontecer do pano úmido esbarrar na pele de vez em quando, molhando a área em volta do gambito e trazendo o risco de rasgar o couro bem naquela região. 

Para evitar que isso aconteça, recomenda-se colocar algum tipo de proteção na parte interna da encora. O vídeo abaixo demonstra uma maneira muito eficiente de fazer essa proteção utilizando fita adesiva e um macete que aprendi com o finado Carlão, cuíca de ouro da Unidos da Tijuca.


O primeiro passo é cortar um pedaço da fita adesiva. Depois, acenda um fósforo e apague logo em seguida. Ainda com o calor da chama na ponta do fósforo, faça um pequeno furo bem no centro da fita adesiva. Por fim, passe o gambito pelo furo até que a fita chegue ao couro e pressione para que fique bem colada à pele. E fique tranquilo, a fita não atrapalha a tocar e nem altera a sonoridade da cuíca.

A trilha sonora do vídeo é uma faixa solo intitulada Minha Cuíca, gravada pelo cuiqueiro, baterista e cantor Chocolatte em seu segundo disco A Fantástica Bateria.
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quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

Homenagem aos cuiqueiros [por Antônio Miranda]

O texto reproduzido nesta postagem é um lindo depoimento de Antônio Miranda, mais conhecido como Toninho Professor, cuiqueiro da pesada, professor de Biologia nas horas árduas e, segundo o próprio, atrevido a brincar com as palavras de vez em quando. Trata-se de uma bela homenagem a todos os amantes da cuíca que revela sua profunda paixão pela "chorona" (o que para mim não é surpresa nenhuma)Em 2004, desfilamos juntos pela Paraíso do Tuiuti e entramos na avenida lado-a-lado com o dia já amanhecendo. Quando olhei, ele estava aos prantos, extremamente emocionado, chorando e sorrindo ao mesmo tempo. Aquele foi o primeiro desfile da minha vida e foi naquele momento, observando o Toninho, que eu entendi o que é ser um cuiqueiro. Obrigado professor!

HOMENAGEM AOS CUIQUEIROS
Cuiqueiro que se preza não pode ver uma câmera! Tá sempre rindo e de boca aberta. Mas por que será que todo cuiqueiro sorri? Sorri porque a arte de tocar cuíca é para poucos. Bem poucos. Sim, tocar cuíca é fácil. Mas tocar com alma é outro papo. Tocar com alma é colocar o sentimento em cada nota que tira, em cada puxada na vareta, em cada agudo tirado. É tocar como se a cuíca fosse a extensão de seu corpo e o traduzir de sua alma.

Diferente dos outros, cuíca não se bate! Cuíca se toca. Se toca, ô cara! Não é só, como diz o povo que gosta de sacanear os cuiqueiros, “puxar o pau”. É muito além disso. É tratar o instrumento como a mulher amada, é tocar com carinho, com sentimento de modo a obter de cada nota o mais belo dos sons, deixando, a cuíca (e a mulher amada também!) como em pleno estado de gozo. Gozo para quem toca e para quem ouve também. 

Sem esquecer a importância das caixas, surdos, repiques, tantãs, tamborins e os outros, temos na cuíca um instrumento mágico. Mágico por sua diversidade de possibilidades e mágico porque os leigos imaginam como é tocado. De tão mágico, atrai sempre o rebolar da mulata, as cadeiras da passista que, como enfeitiçada, vem sambar pertinho para delírio do cuiqueiro. É por isso que abre aquele puta sorriso! Tinha que ser diferente? Francamente não.

Já passei por diversas situações de chegar pleno desconhecido em uma roda de samba e, após a primeira gargalhada na cuíca, atrair o olhar de muitos. Chego cuiqueiro anônimo. Saio cercado de amigos. Certa vez, em uma dessas rodas, escutei uma frase que traduz muito disso. “Quem chega com uma cuíca não tá de inocente na roda...”. Acho que é isso mesmo. Quem toca cuíca sabe o que faz e como faz. Sabe dar a chorada bonita no samba de mesa, quando a canção exige, dando, além do molho e suingue, um ar de tristeza e dor de cotovelo para, no minuto seguinte, cair na gargalhada trazendo a alegria geral.

De tão incomum, o instrumento vira sobrenome. É comum conhecermos os Fulanos e cicranos da cuíca! (Não vou aqui nomear nenhum para não cair na injustiça com os demais.). Mas não se conhecer fulano do surdo, beltrano da caixa... é coisa só de cuiqueiro mesmo!

Porque, a cuíca, vira a extensão de si mesmo? Além de ser tocada junto ao corpo, a cuíca exprime um pouco da alma humana, da alegria e da tristeza, da marcação contínua que dá o suingue, da rápida aparição e destaque para, no minuto seguinte misturar o seu suingue a todos os outros, completando com cada nota, cada toque o desenho da percussão.

Como disse o Natal, “se bateria de escola de samba fosse sinfônica, a cuíca seria o violino”. Nem precisa dizer o quanto concordo com ele. E, mais que isso, ser cuiqueiro é ter em si o pleno estado de arte, de graça, o sorriso de quem admite que a vida é bela, mesmo nas choradas de tristeza que a cuíca dá e que são plenamente compensadas pelas gargalhadas dela mesmo que contagiam ao cuiqueiro e a todos que ouvem. Em suma, ser cuiqueiro é conhecer de pertinho bem mais que as cadeiras da mulata, da passista. Ser cuiqueiro é ter respeito à alegria da vida.
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segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

Clube da Cuíca do Ceará

Não há dúvidas de que o Rio de Janeiro e São Paulo são as cidades que concentram o maior número de cuiqueiros e cuiqueiras do Brasil. Afinal, são os locais onde se realizam os desfiles das escolas de samba mais tradicionais do país. No entanto, à exemplo da Confraria da Cuíca de Porto Alegre e do Clube da Cuíca de Floripa, que demarcam a forte presença da chorona na região Sul, temos no Clube da Cuíca do Ceará um importante núcleo cuiquístico dentro do rico cenário cultural nordestino. 

A prova disso está na matéria Carícias e gemidos - reproduzida mais abaixo - publicada em 18 de janeiro de 2012 no caderno Vida & Arte do jornal O Povo. Outro exemplo está no vídeo a seguir, que registra o 1º Encontro de Cuíca do Estado do Ceará, realizado em 09 de abril de 2011. O evento contou com a ilustre presença de Arsênio de Castro, cuiqueiro consagrado da Portela, e de um bom contingente de cuiqueiros e cuiqueiras liderados por Júnior da Cuíca, patrimônio vivo do carnaval de Fortaleza.


Carícias e gemidos
O POVO on-line (18/01/2012) - por Pedro Rocha

Instrumento impar na música brasileira, a cuíca viu multiplicar seus amantes nos últimos dois anos em Fortaleza. Ganhou até clube.

"Ó essa cuíca!", grita vez por outra Mônica Andrade, 46, lá de dentro. "Ai meus ouvidos!". A decoradora arrelia-se com o gemido agudo que vem do quintal. O marido, Geraldo Rodrigues Filho, o Júnior da Cuíca, todos os dias pega o instrumento e põe-se a viçar na vareta de bambu ali por dentro do corpo metálico. A danada se contorce toda em gaiatices com os agrados dele. "De vez em quando eu dou uns carão", conta Mônica. Ela reclama, mas acha bom. Quando o conheceu, ele já rodava por tudo que era samba da cidade. Não mudou nada de lá pra cá - pelo contrário, o coro aumentou.

No quintal do casal, na rua João Cordeiro, 556, há dois anos reuni-se o auspicioso Clube da Cuíca, criado pelo clamor dos homens e mulheres amantes do instrumento e organizado pelo próprio Júnior. O lugar colorido, decorado com espelhos e outros caprichos da dona da casa, é velho conhecido do samba. Ali nasceu há 29 anos o bloco carnavalesco Que Merda é Essa?, que desfilará mais uma vez no sábado, a partir das 20 horas, dedicado aos frevos, marchinhas e sambas das antigas.

"Aqui tem até piscina. Clube não tem que ter piscina, né?", brinca Júnior.

Às terça e quintas, e nas tardes de sábado, os sócios se encontram no dito endereço para conversar, tomar uma cervejinha e tocar cuíca, evidentemente. Hoje já são 46 inscritos no Cadastro de Cuiqueiros do Ceará, a grande maioria espalhados pelas alas dedicadas exclusivamente ao instrumento em blocos de Pré-Carnaval. Na bateria do Baqueta, por exemplo, desfilaram no último sábado 18 cuícas, incluindo a do Júnior. A ala da Unidos da Cachorra saiu com meia dúzia, entre elas, a de outro membro do clube, o historiador Renato Freire, 26.

Caçula do grupo, Renato chega ao quintal com o instrumento a tira-colo, que comprou há dois anos no Rio de Janeiro, quando ainda não sabia o que fazer com o pau e o couro. Não obstante as aulas de piano e violão da adolescência, a percussão demorou um pouco mais para entrar na sua vida, o que aconteceu depois de assistir a um cortejo da Cachorra. O caminho da caixa de guerra para a cuíca fez em um ano. Hoje é um dos instrutores da ala do instrumento na bateria.

"Eu já achava a cuíca impressionante", confessa Renato.

Novos artistas A sabedoria popular comenta que a cuíca tem a mania de conquistar o sambista - ou a sambista, já que o número de cuiqueiras, dizem, cresceu absurdamente no último par de anos - aos poucos, de forma lenta e irrevogável. O sujeito começa pelo pandeiro ou tamborim, ensaia uns chamegos com o surdo, o rebolo, quiçá o repique de mão (existem relatos de homens perdidamente apaixonados por um reco-reco), mas por fim descansa nos braços da sua querida. A relação normalmente influi, para o bem ou para o mal, nas relações conjugais.

Renato é um caso à parte. O jovem afirma sem titubear: "Não tenho problema com mulher". Já Pasconith Franklin, 37, não pode dizer o mesmo, apesar de o fazer sorrindo. O percussionista, que começou menino batucando em um tamborim, faz dois carnavais que inventou de aprender a tocar cuíca e convocou os ciúmes da esposa. "A mulher tem raiva, porque acha que eu gosto mais da cuíca do que dela", conta. O caso promete repercussão: o filho Davi, de apenas 6 anos, ganhou uma mini-cuíca e não quer saber de outra coisa na vida.

"É uma onda, porque minha mulher é evangélica e tenta evitar", revela Pasconith, achando graça. "Eu também tento, vou pra igreja, mas quando chega esse período carnavalesco complica". Não bastasse, a esposa quer levá-lo para um retiro espiritual este ano, o que deve dividir o Carnaval do dono de oficina mecânica ao meio - a cisão milenar entre o sagrado e o profano. "É osso", conclui.

O exemplo vem de casa Na conversa sobre o Clube da Cuíca, Mônica se derrete em elogios ao marido e o inclui entre os três melhores cuiqueiros do Brasil, ao lado do paulista Osvaldinho da Cuíca e de Arsênio da Cuíca, este último mestre da ala de cuícas da Portela, que em abril do ano passado participou do 1º Encontro do Clube da Cuíca de Fortaleza. A esposa ressalta também os dotes do marido no manejo com o instrumento.

- O Júnior faz a manutenção dessas cuícas todinhas. Ele pega o couro, bota o couro no caldo, tira os pelos, bota o cambito... Muito difícil de botar esse pau ai no meio, eu quero é que você veja. Pra acertar esse meio... Eu já vi muita coisa feia, pau bem aqui de lado. Ele bota bem direitinho - explica Mônica.

- Olha ai, o negócio é esculhambado... - ri Júnior.

- Ele bota beeeem direitinho!

Quem quiser, pois, consertar o seu instrumento ou aprender a tocá-lo, pode procurar o Júnior para se associar ao Clube da Cuíca. Durante o Carnaval, os encontros sofrem as intermitências naturais do período, mas, a partir de março, quem passar às terça, quintas e sábados pela rua João Cordeiro, 556, poderá ouvir os gemidos de satisfação.

SERVIÇO  
Clube da Cuíca
Onde: Rua João Cordeiro, 556 - Praia de Iracema
Quando: O clube se encontra às terças, quintas e sábados.
Outras informações: (85) 3219 6945 / (85) 8870 8706.
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