Intro

Bem vindo ao blog Cuiqueiros, um espaço exclusivamente dedicado à cuica – instrumento musical pertencente à família dos tambores de fricção – e aos seus instrumentistas, os cuiqueiros. Sua criação e manutenção são fruto da curiosidade pessoal do músico e pesquisador Paulinho Bicolor a respeito do universo “cuiquístico” em seus mais variados aspectos. A proposta é debater sobre temas de contexto histórico, técnico e musical, e também sobre as peculiaridades deste instrumento tão característico da música brasileira e do samba, em especial. Basicamente através de textos, vídeos e músicas, pretende-se contribuir para que a cuica seja cada vez mais conhecida e admirada em todo o mundo, revelando sua graça, magia, beleza e mistério.

(To best view this blog use the Google Chrome browser)

quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

A cuíca no jazz

Hoje em dia, talvez em função do alcance internacional que a televisão deu ao carnaval brasileiro, é difícil encontrar algum país que não tenha pelo menos uma escola de samba. O enorme sucesso da bossa-nova também contribuiu bastante para que o samba se tornasse um gênero musical globalizado. Assim, não demorou muito para que os seus instrumentos típicos, como a cuíca, passassem a ser utilizados em outros contextos musicais, como no universo jazzístico.


A imagem acima consiste na capa do livro JAZZ – History, Instruments, Musicians, Recordings, de John Fordham, publicado em 1993, onde constam algumas páginas dedicadas a instrumentos sul-americanos, caribenhos, asiáticos e africanos, introduzidos no jazz como resultado da busca por novas sonoridades. O músico que faz a apresentação de tais instrumentos é Naná Vasconcelos – abaixo, à esquerda – pernambucano com vaga cativa entre os maiores percussionistas do mundo e de toda a história da música.


Ampliada na imagem à direita, o livro apresenta a imagem de um modelo de cuíca não muito comum atualmente, com apenas cinco tirantes (parafusos de afinação), trazendo também a seguinte descrição do instrumento: A cuíca é um tambor de fricção brasileiro. Há uma vareta anexada dentro da pele, que o instrumentista esfrega com um pano umedecido, aplicando pressão sobre a pele, criando um gemido vocalizado bastante característico.

É interessante notar que a cuíca está relacionada entre os instrumentos de percussão, mas é descrita como um "tambor de fricção", o que de certa forma corresponde ao debate iniciado na postagem "Cuíca é percussão?". Outro ponto interessante é a definição do som do instrumento como um "gemido vocalizado".

A presença da cuíca no universo do jazz também pode ser constatada através do exemplo compartilhado no player abaixo, um latin-jazz intitulado de Brazilian Sugar gravado em disco do percussionista novaiorquino Steven Kroon, que vemos na imagem. Tive a honra de conhecê-lo no ano passado, em Manaus, durante o 5º Festival Amazonas Jazz, e fiquei surpreso ao vê-lo tocar cuíca naquela ocasião, durante o show em que acompanhou a cantora Carla Cook. Em Brazilian Sugar, sua cuíca pode ser notada a partir dos 4min40seg, aproximadamente.


Outro registro onde a cuíca bate uma bola com o jazz é Rocking with Mocotó, obra instrumental gravada no disco Dizzy Gillespie no Brasil com Trio Mocotó, produzido em 1974, porém, lançado somente 35 anos depois, em 2009, pelo selo Biscoito Fino. O disco celebra o encontro entre o trompetista Dizzy Gillespie, um dos maiores nomes da história do jazz, e o Trio Mocotó, que à época contava com um dos maiores virtuoses da história da cuíca, Fritz Escovão. Dizzy e Fritz estabelecem um diálogo brilhante entre o trompete e a cuíca.


Para finalizar, o registro de uma orquestra comandada por Quincy Jones interpretando a música Soul Bossa Nova, de sua autoria, num famoso programa de TV norte-americano. O cuiqueiro que aparece nas imagens é o paulista Edson Aparecido da Silva, conhecido como Café, residente há muitos anos nos Estados Unidos, onde construiu uma bela carreira baseada no intercâmbio entre o jazz e a percussão brasileira.

.

5 comentários:

  1. DE FATO É UMA MARAVILHA!!!! EU SEMPRE IMAGINEI SER CUIQUEIRO E APROVEITAR A CUÍCA NA INTRODUÇÃO DE OUTROS RÍTIMOS, ALÉM DO SAMBA. NO FUNK E EM ALGUNS BLUES FICA MARAVILHOSO. FIQUEI CONTENTE COM O QUE EU ACABEI DE OUVIR NESSE BLOG, MATANDO UM POUCO A MINHA CURIOSIDADE.
    UM GRANDE ABRAÇO PRÁ FAMÍLIA CUÍQUEIRA
    G. J. SHAFT KINGS

    ResponderExcluir
  2. Conhece isso, Paulinho?

    http://vimeo.com/15244349

    Abs

    ResponderExcluir
  3. Interessante heim Bernardo!
    Por essa eu não esperava... rs

    Valeu!

    ResponderExcluir
  4. Já tinham visto esse?

    https://www.youtube.com/watch?v=hMYVvjoXf4o

    abraços!

    ResponderExcluir