Intro

Bem vindo ao blog Cuiqueiros, um espaço exclusivamente dedicado à cuica – instrumento musical pertencente à família dos tambores de fricção – e aos seus instrumentistas, os cuiqueiros. Sua criação e manutenção são fruto da curiosidade pessoal do músico e pesquisador Paulinho Bicolor a respeito do universo “cuiquístico” em seus mais variados aspectos. A proposta é debater sobre temas de contexto histórico, técnico e musical, e também sobre as peculiaridades deste instrumento tão característico da música brasileira e do samba, em especial. Basicamente através de textos, vídeos e músicas, pretende-se contribuir para que a cuica seja cada vez mais conhecida e admirada em todo o mundo, revelando sua graça, magia, beleza e mistério.

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sexta-feira, 30 de setembro de 2011

Como tratar a pele da cuica

Encontrei no site da IZZO - fabricante de instrumentos musicais - um texto com dicas de como tratar a pele animal de instrumentos de percussão. Bom, não sei dizer se as dicas desse texto são confiáveis e se de fato trazem benefícios à pele, mas achei o tema bastante interessante pra gente discutir aqui. Comentários serão bem vindos de quem tiver alguma opinião a respeito ou mais dicas de como cuidar da pele da cuica. Segue o texto: 

Muitos músicos e instrumentistas solicitam que seus instrumentos de percussão sejam empachados com pele animal, a fim de obter maior durabilidade, elasticidade e sonoridade para estes. Mas não é somente empachar o instrumento e sair por aí tocando. Inclusive, alguém que compra um instrumento com pele animal pode ficar frustrado com o som estridente e achar que fez uma péssima compra, ou optou por um tipo de pele errada. Na grande realidade, o que falta é “tratar” essa pele, pois muitos fabricantes empacham o instrumento e colocam à venda sem tratar as peles. Anotem as dicas: 

Primeiro, a pele animal sofre muitas variações de acordo com o clima e a temperatura. Por exemplo, em dias frios, ela fica frouxa, necessitando de uma leve afinação, e em dias de calor, ela estica sozinha. Por isso que não é bom deixar muito esticada no frio, pois quando esquentar o tempo, algumas fibras podem se romper e com o tempo, ela vir a rasgar.

O primeiro passo é tirar a pele do instrumento, mas sem tirar o aro em que ela foi empachada, para proceder com o tratamento adequado. Em seguida, pegue um pedaço de algodão, embebede com um pouco de azeite de dendê, tanto em cima, quanto embaixo da pele. Mas cuidado: não encharque. Passe pouco, apenas uma camadinha fina, e esfregue bem com algodão. O azeite de dendê possui propriedades que encorpam a pele, deixando-a mais resistente e com um som mais grave, reforçando as fibras sem agredir o instrumento. Não use azeite de oliva, pois ele quando seca, racha a pele por causa da grande quantidade de iodo (sal), ao contrário do azeite de dendê, que é feito de soja.

Em seguida, deixe descansar no sereno fino da noite. Coloque se possível, embaixo de alguma telha ou uma cobertura, para que receba apenas a brisa fina, fazendo com que a pele possa encorpar (cozinhar à frio). Mas atenção: não deixe a água cair direto na pele, pois encharcada a pele pode se soltar do aro, estragando todo o processo.

No dia seguinte, coloque de forma indireta sobre o sol (na sombra) para secar. Em baixo de alguma proteção, para que apenas o calor não intenso seque naturalmente a pele. Deixe secar por quatro horas e pronto. Coloque no instrumento novamente, afinando sempre em X. Aperte um parafuso com duas voltas, vá à outra extremidade e dê duas voltas também, procedendo assim em todos os parafusos.

Quando começar a dar o aperto, de meia em meia volta, vá apertando os parafusos e batendo levemente a mão logo em cima deles na pele, observando se em todos os parafusos o som é o mesmo. Se algum estiver com um som mais grave, vá apertando até dar o tom desejado. Assim, seu instrumento está afinado e com a pele tratada, a qual, se for bem cuidada, durará em média dois anos com um excelente som.

sábado, 24 de setembro de 2011

Um ano de Blog

Há alguns dias este singelo informativo cuiquístico completou um ano de existência. Confesso que não imagina a proporção que este blog ganharia no decorrer desse tempo, mas  estarei mentindo se disser que  o criei sem nenhuma pretensão. A verdade é que sempre existiu um objetivo pré-definido, motivado por uma situação que vivenciei, mas que ainda não relatei aqui. Tudo começou no dia em que fui transferir minha carteira da OMB - Ordem dos Músicos do Brasil - do Conselho Regional do Distrito Federal para o do Rio de Janeiro. Quando tirei minha carteira em Brasília, eu ainda não tocava cuica, só cavaquinho. Foi no Rio de Janeiro, para onde me mudei em 2001, que comecei a tocar cuica, e então, quando pedi a transferência da documentação na OMB, quis incluir a cuica na relação de instrumentos que toco. Tudo ia muito bem até eu ser informado que seria cadastrado como percussionista e não como cuiqueiro. Acontece que na minha opinião cuica não é instrumento de percussão, logo, cuiqueiro não pode ser considerado percussionista. Levantei essa questão entre os funcionários da OMB e devido a ignorância de algumas pessoas da casa, os nervos se exaltaram, eu continuei insistindo para ser cadastrado como cuiqueiro, e a discussão terminou quando eu escutei a seguinte frase de uma alta funcionária da casa: "meu filho, se eu colocar cuiqueiro na sua carteira, é igual te dar atestado de burro". Depois disso, eu me calei e para não piorar as coisas, fui embora indignado. Hoje, quando me lembro desse episódio, tenho vontade de voltar lá e agradecer à distinta senhora que me disse essa bendita frase, pois foi o que motivou a começar minha pesquisa sobre cuica, criar esse blog para dividir com o mundo as coisas tenho encontrado e, quem sabe, evitar que alguém passe a mesma humilhação que eu passei. Infelizmente, a cuica ainda é um instrumento marginalizado e os cuiqueiros não são tratados com a dignidade que merecem.

Para descontrair esse clima tenso, pesquisando na rede algo que pudesse colocar aqui nessa postagem de comemoração, encontrei um bolo no formato de cuica. Mais apropriado impossível! 

Fonte: http://doceconquista.blogspot.com/2011/03/bolo-cuica.html

Até este momento foram feitas 18.589 visitas ao blog, divididas entre mais de trinta países, que estão representados aqui em baixo pelos dez visitantes principais. Mas além destes, constam também: Angola,  Bélgica, Suécia, Bolívia, Itália, México, Moldávia, Irlanda, Ucrânia, Hungria, Colômbia, Noruega, Uruguai, Letônia, Venezuela, Dinamarca, Russia, Canadá, Espanha, Áustria, Grécia, e por aí vai! 


Gostaria de agradecer na língua de cada uma dessas nações, mas como diria o saudoso João Nogueira: "eu não falo gringo, eu só falo brasileiro". Então, muito obrigado! É uma satisfação enorme ver que a cuica é um instrumento admirado em tantas partes do mundo. Inclusive, quero dar uma dica aos amigos estrangeiros: parece que o Google Translator -  instalado na página inicial do blog - funciona apenas com navegador da Google [Google Chrome]. Sei que a tradução desse aplicativo não é perfeita, mas deve ajudar na compreensão dos textos. As dúvidas que ficarem, por favor, não exitem em perguntar.

Segue uma listagem de todas as 51 postagens feitas até agora, divididas nos assuntos em que elas mais ou menos se relacionam:   






Bom meus amigos, é isso. Espero que continuem sempre acompanhando o blog, contribuindo com dicas,  comentários e divulgando para os amigos. Meu esforço para encontrar e divulgar informações interessantes sobre cuica não vai parar. Não tem sido fácil, mas as dificuldades são superadas pelo prazer de conhecer tantas pessoas e aprender tanto com elas sobre cuica, mas acima de tudo, sobre a vida.

Obrigado!